sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Depois vê-se...



Todos os dias conto enumeras escadas, que já vou conhecendo demasiadamente bem.
Conheço-as tão intimamente que me atrapalham os pensamentos.
Não tenho em mente a quantidade de vezes que subi e desci por estes degraus gastos pelo andar apressado de gentes que procuram um destino para o qual esperam estar à altura.
Sempre que as subo tenho como objectivo chegar a casa, mas quando as desço a única certeza que tenho é que vou sair à rua, o destino, esse depois vê-se…

José Rios

segunda-feira, 23 de novembro de 2009



Não sou um Deus a quem se pode pedir um desejo qualquer.
Sou tão somente o amigo que tenta estar quando precisas, se bem que por vezes possa parecer distraído.
Sou um grão de areia no imenso areal que calcorreias vezes sem conta, tentando encontrar o teu destino.
Uma folha caduca que se atravessou no teu caminho.
Um pequeno raio de sol que te tentou aquecer, sem que desses por isso.
Um salpico de mar no meio de um oceano.

Sim sou eu...!



terça-feira, 27 de outubro de 2009



Os fascículos com que vou preenchendo a minha vida, assemelham-se a rascunhos já escritos por alguém que nada me diz.
Fazem recordar missas de domingo a que não assisti, não por falta de fé, mas tão somente por não ser essa a minha vontade.

José Rios

Cláudia...


Sorri, acabaste de partir e já te vou vendo a chegar.
Vens com aquele ar sorrateiro de quem sabe o que quer.
… lábios pintados naquele tom violeta, só por ter dito que os teus olhos verdes também eram azuis.
Eu saberia esculpir o teu corpo como o mais perfeccionista dos escultores, mas nunca saberia que cor dar ao teu olhar.

José Rios

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

...sara-"Mago"


Narrar histórias já escritas por alguém tão velho como a própria humanidade, torna-se demasiadamente polémico, para que possamos passar a palavras, a verdadeira realidade em que acreditamos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Por supuesto

... há sempre alguém que parte sem avisar.
Parte porque algo chegou ao fim.
Parte porque sim.
... mas também há alguém que aparece sem pedido.
Há regresso sem estar.

Para quê rimar se o sol é mar, e o rio luar?
Para quê paixão se foi ilusão?
...

José Rios

lOuCo...

Não sou um louco qualquer, também não sei porque me chamam assim.
Deve ser o meu jeito pouco assertivo de ver aquilo que os outros não conseguem ver...!

José Rios

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Tiques




Sorrir ao mundo não quer dizer nada, são tiques de quem recusa o conformismo e opta por relações conflituosas perante uma oposição que não o é, pois não tem opinião...

José Rios
Manter a recordação daquele beijo não é nada difícil,
difícil é guardar o sabor suave e doce de tamanha loucura,!

Nunca hei-de conseguir ver os outros aos olhos de ninguém.
A verdade dos outros não posso ser eu.
E isso confunde quem acredita que pode ler a minha alma, manipular os meus sentimentos e fazer julgamentos sem olhar directamente nos meus olhos.
A mentira provoca tamanha revolução que a verdade acaba em utopia.

José Rios

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Alucinação...



Deixem que a chuva interfira em tempestades desordenadas e violentas, acalmem os Deuses sem os provocar, pois eles podem estar demasiado loucos para entenderem aquilo a que queria dar significado.
Bem sei da minha suprema superioridade, mas a verdade é que tenho de ouvir todos os meus súbditos.
…não fora os Deuses e a minha existência passaria despercebida ao Mundo.

domingo, 11 de outubro de 2009

Sol


O "sol " essa coisa enorme a quem chamam estrela, que vai conseguindo aquecer os nossos corpos e corações, vai distraindo o mar para que a água deixe de o ser e se torne sal.
Até os figos que ninguém queria se tornam um manjar apetecível numa noite qualquer em que o vinho requer algo doce.
Faz o dia ser dia, independentemente do ciume que a lua lhe possa causar...

José Rios

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Refúgio


O meu paraíso não estava lá, tive de fugir para onde só eu estou.
Por vezes o barulho do respirar dos outros não me deixa pensar, e isso baralha aquilo em que tento acreditar.
Há lugares que não conto a ninguém, são refúgios que me fazem não desistir.

José Rios
As aldeias ao longe, no meio do nada brilham como amontoados de estrelas.
Parecem tão perto, mas a verdade é que essa realidade só é possível quando queremos que assim seja.
Que diria das cidades que não vejo?
Seria uma desilusão olha-las em tão bela e serena paisagem.
O céu deixaria de ser o manto que me cobre, ia tornar-se uma camisa-de-forças, à qual tento fugir.
Um dia, quando a loucura assim o for realmente, deixem que vagueie na minha montanha com cheiro a mar.

José Rios

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Umbigo..."




Toquei o teu cabelo, olhei-te nos olhos e cheguei a tua boca à minha.
... enfim, beijei-te mesmo que suavemente.
Encostei o meu corpo ao teu para que sentisses o calor do meu querer.
Não passou de um abraço, mas a verdade é que foste minha por momentos...

José Rios

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

...sorrisos

Olhar os outros com um sorriso nos lábios, dá-me energia, mas não a suficiente.
´... só o Rio ou o Mar, me poderão proporcionar tamanhas percepções.
Todos que de mim pedem um pouco, vou dando com prazer, se bem que por vezes não me seja fácil gerir e atender todos aqueles que "precisam" da minha atenção.

José Rios

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

… a loucura nocturna faz-nos ultrapassar limites que julgávamos pouco possíveis.
O raiar do dia faz-nos acordar para realidades que nos vão impondo, neste percurso que acaba com o inicio de mais uma noite que se quer longa.

José Rios

Ilusão


É fantástica a nossa capacidade de ver o Mundo como o queriamos e desejávamos,
o difícil é conseguir tornar esse nosso desejo em realidade.

José Rios

domingo, 20 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Provavelmente


Eras tu a balada que me acordava os pensamentos já esquecidos.
Eras tu que desordenavas as cores que vinham na minha direcção.
Eras tu que escurecias o céu para que pudesse ver as estrelas.
Eras tu que o acendias para o Sol poder entrar no meu quarto.
Eras tu o tempo que corria a seu bel' prazer.
… aquele olhar de soslaio transmitia-me sensações tão profundas, que o próprio prazer se tornava vago e incoerente…
Eras tu…!

José Rios

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"Auras..."

... tudo o que consigo ver, não são mais que auras coloridas, só visiveis no meu querer.
A música que vai passando tem o cheiro a incenso, que se vai misturando com o som de alguém que não está presente.

José Rios

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Firenze


Regresso a lugares que me fazem lembrar passados recentes. O caminho que percorro assemelha-se a histórias que já contei minuciosamente.
Até o taberneiro recorda a minha passagem com saudade, faz questão de pagar a rodada, que toma à minha mesa lembrando-me de atitudes de descontrolo mas bem-estar. Ri convulsivamente do meu estranho mas engraçado Italiano, admite nostalgia das noites que passava sem dormir só porque a porta se fechava.
José Rios

sábado, 5 de setembro de 2009

Ninfas...


Os pingos de chuva precedem raios multicolores que aquecem tão terrivelmente a tenda que é nosso dever olhar o céu. Não é fácil faze-lo, mas o tom azulado do rio alastrou às Ninfas madrugadoras que nos iluminam os passos em direcção ao primeiro Bar.
São estranhos os desígnios de quem caminha por terras das quais nada sabe.
Poder dizer aquilo que seria provavelmente um impropério ou até um insulto, torna-se numa agradável conversa, com risos inocentes de quem quer agradar!

José Rios

quinta-feira, 3 de setembro de 2009



... o momento não se procura, acontece.

Porquê...?

Não posso deixar de ser aquilo que sempre fui. Fugir aos meus princípios torna-me fútil e de pouca utilidade.
A minha liberdade começa a ser ameaçada e isso é coisa que não posso permitir.
O certo atinge escalas tão baixas de créditos, que o errado parece ser a opção lógica.

José Rios

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Soči

Quando o rio toma a cor do céu, assume intimidades só desvendadas esporadicamente a quem olha atento esse namoro platónico mas intenso.
São muitos os que vão passando, sem nada ver, vão abstraídos no seu destino.
Soubera eu escrever esta estranha forma de falar e dizer-vos-ia os segredos que esconde.
Falaria de histórias reais, ou talvez não, que vão acontecendo a cada dia que passa.
Ouviria com atenção epopeias de outrora que enaltecem este palmo de terra.
Sentiria o vibrar de gentes que fazem por merecer tudo aquilo a que se propuseram.
Cheiraria todos os odores que vão passando indiferentes ao meu apurado paladar.
Olharia nos olhos as mulheres de olhar verde e sorriria…
… se os olhos verdes são traição, que assim seja, deixem que me traiam pois a sua beleza iguala a mais bela paisagem. Eles impulsionam-me para voos tranquilos, ao som de músicas aleatórias que vão passando sem que tenhamos a noção das horas que passamos a admirá-los.
Não ter horas para coisa nenhuma, torna o tempo desnecessário. Só os sinos que vão tocando de quando em quando nos lembram que ele existe.

José Rios

domingo, 2 de agosto de 2009

Gritos

A melancolia de sons dedilhados à guitarra, contrasta com gritos audíveis por surdos que seguiam distraídos.
São serenatas a quem queremos impressionar. Majestosos ruídos só possíveis por quem faz da vida paixão.

José Rios

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lágrima


Estar dependente de uma simples esferográfica, faz de mim aquilo que não quero ser.
A maioridade atinge-se onde ainda não cheguei.
Perdoem-me aqueles a quem a mensagem não chegou a tempo de evitar desilusões.
Perdoem-me ainda todos aqueles a quem não pude desiludir…!

José Rios

segunda-feira, 27 de julho de 2009

...27 de Julho


Poderia falar de pescadores anões, mas ninguém perceberia, de banhos à lareira ou mesmo de um rio, que a percepção de tamanhas incógnitas só poderia ser decifrada por alguém que já as tivesse vivido.
Os altares perdidos em remotas paragens fizeram de mim crente em teorias pouco convencionais mas alcançáveis.
Quando uma rosa se torna azul, provavelmente estamos apaixonados.
Se todos pensassemos azul, o nosso sonho seria rosa.
É invulgar sentirmos uma cor como um código de vida, mas ela está lá, para nos lembrar que existe.

José Rios

domingo, 26 de julho de 2009

Segunda vez


A espera faz de nós pessoas rendidas ao passar do tempo, peças obsoletas e gastas que deixam de fazer sentido. Amálgamas de desperdícios que reciclamos para construir algo de novo, sem esquecer tudo aquilo que queria que tivesse acontecido hoje. É tão irrisória a minha existência, que só o facto de estar vivo pela segunda vez me enfraquece o espírito e põe em causa uma vida que queremos que valha a pena!
José Rios

Dádiva





Aquele raio de sol que recebi como uma dádiva, relaxou-me tão intensamente, que o corpo permaneceu imóvel e quieto para que a mente vagueasse em lugares remotos, onde só a luz interessa.
Pelo caminho estrelas que se atropelam numa correria desenfreada e sem destino conhecido.
Regressões a passados que ainda não o foram.
Casulos de futuro onde também quero ir…


José Rios

sábado, 25 de julho de 2009

Pecar sem Pecado




Gostei especialmente das gavetas diárias que nos serviam de calendário semanal.
Da sala das orgias onde tudo era estudado ao pormenor, desde o leque que convidava os incautos, até ao sofá redondo de onde saíam formosas damas com roupa um pouco reduzida para a época.
Os pianistas tocavam vendados para que não opinassem sobre assuntos que em nada lhes diziam respeito.
Depois destas festas, um a um iam ao confessionário, para que o Bispo os absolvesse de tamanhas obscenidades. Não que o Bispo fosse santo, mas tinha um estatuto eclesiástico que lhe permitia pecar sem pecado.
À saída metiam-se em discretas cadeirinhas, corriam as cortinas e dirigiam-se a casa, depois das suas fantasias realizadas.
A criadagem balbuciava em surdina frases de repúdio e inveja de tamanha depravação.
O Rei exausto de correrias impróprias para a sua idade, deitava-se na sua real cama, não sem antes se aliviar no seu penico esmaltado…

José Rios

quinta-feira, 23 de julho de 2009



Esquecer por momentos que sejam, abre as portas a delírios apenas imagináveis quando estás perto.
A mente é algo estranho a que não nos conseguimos habituar. O nosso pensamento vai em direcção a hipotéticas situações que desejamos, sem ter a noção do quão complicadas poderão ser.
Olvidava o passado para que o futuro se tornasse no ontem...

José Rios

terça-feira, 21 de julho de 2009

Partilha

O mar em toda a sua majestosa condição, passeia ondas por entre rochedos que teimam em contrariar o seu percurso.
O areal que se avizinha, vai absorvendo a água que veio para ficar. É água cansada de viagens por oceanos diversos, que escolhe a areia fina de uma praia perfumada por odores bem distintos e agradáveis para passar o resto dos seus dias.
O sol que brilha insistentemente forma na água um enorme espelho, no qual se mira orgulhosamente.
…quando conseguimos absorver toda esta energia que nos é oferecida sem contrapartidas, então ficamos de bem com a vida e distribuímo-la por quem realmente precisa, mas não sabe como procurar.

José Rios

segunda-feira, 20 de julho de 2009

...medo...

O medo deturpa o básico da vida, ensurdece a razão e faz de nós marionetas que parecem que vão, sem saírem do lugar. São prisões que evitam a fuga de qualquer ideia menos formal, mas também são sermões aos quais não damos a menor valia enquanto não os ouvimos da boca de quem não queria-mos.
Pior que uma arma são os olhos tristes com que olhas-te o medo.



José Rios

domingo, 19 de julho de 2009

Amar só é complicado, quando a vontade tem mais força que o querer!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O mundo gira demasiadamente lento para a minha percepção, escapam-me os pormenores que só a rapidez os pode trazer à realidade.
Tento esperar o tempo, mas perco a pouca paciência para esperas que se arrastam como sombras de quem não se move.
Perco a vontade de estar parado aguardando aquilo que queria, mas não vou ter.
É inútil e vã a esperança de me tornar em alguém que vá de encontro aos ideais por alguém estruturados.
Deixai pois que me mova em direcção ao que realmente me diz respeito...

José Rios

Caminhar no cimo do mundo ultrapassa o espectável, revela um controlo de movimentos auspiciosos e muito para além de vulgares barras desportivas, a que o chão é tão perto, que a noção de espaço e comprimento passam realmente despercebidas. Introspectivas estabelecidas com o prévio conhecimento da consciência.
…encostas agrestes, montanhas tão inclinadas que o céu torna-se uma mera formalidade.
José Rios

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tributo...

Vidas encarceradas por culpa de atitudes menos pensadas, mas assumidas.
Palavras que se sonham actos, e actos de platonismo que fazem das palavras formalidades geralmente desnecessárias a tais pensamentos.
Memórias escritas em diários que se tornam livros de amor e muito mais.
Sinto com mágoa o anoitecer de mais uma noite que se repete dia após dia, as cores deixaram de fazer sentido e a falta de escrita adoece a vontade de chegar a um outro dia…
José Rios



quinta-feira, 9 de julho de 2009


A minha memória fotográfica prolonga-se para além de conhecimentos absorvíveis por alguém distraído e muito fora de um mundo conexo e com sentido.

Um rosto é sempre algo que não esqueço, são energias que carregam o nosso querer, são desígnios de quem nada esconde.


José Rios

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Flores que nascem do nada, e nada que vem de longe, onde os espinhos são tão somente o alvorecer de uma nova madrugada. Não sonhemos então com tamanha caminhada de curvas sinuosas, demasiado estreitas para tamanha procissão. Imaginemos antes a nossa verdadeira essência e voemos no alto de tudo o que é realmente a nossa vontade.
José Rios

segunda-feira, 6 de julho de 2009


Tudo o que a mim foi lido, resumiu-se a palavras vagas e
pouco concisas que deformam todos os pensamentos possíveis. Tamanhas vidas, não são mais que tormentos por quem ninguém quer passar, são caminhos escolhidos por caminhantes incógnitos convictos no caminho que ao longe se avizinha melhor, mas tristes no seu olhar.
José Rios


















O simples facto de nos ser difícil comunicar torna
o querer ainda mais apetecível, as horas e dias mais
longos e infindáveis, mas sempre desesperadamente aguardadas.
São como a água que teima em penetrar em solos à
muito sedentos d’aquilo que os faz viver.

José Rios


quinta-feira, 2 de julho de 2009

Insonorização


A visão de cubas, túneis e pipas, tornavam o espaço intimista e dado a prazeres pouco ortodoxos e cheios de malícia.
O fresco desvanecia acompanhado do aumento de calor incontrolável de alguém que queria para além do desejável. Eram actos de paixão improvisados, por anos perdidos em escaramuças que nunca o foram.
Quando a porta se fecha e a luz fica ténue e branda, a sensação de bem-estar torna-se pouco compreensível, mas muito agradável.
À medida de todo o processo de emparedamento colectivo, a vontade aumenta e o sentimento de querer muito e muito mais, atormenta o meu mundo no mais profundo da minha essência.

José Rios

quarta-feira, 3 de junho de 2009

... reencontros



Amizade nunca o é sem surpresas inesperadas, gestos de carinho que nos aumentam o ego e o desejo de olhar o futuro com uma réstia de esperança na verdadeira felicidade. Não que não a tenha experimentado mas o simples facto de estares presente afina a vontade de passar mais uma vez por sensações que queria presentes.

José Rios

Primavera




Não fora o contexto da viagem em si e perderia-me com esculturais criaturas que se vão cruzando com o meu campo de visão atrapalhando raciocínios que tentava delinear.
É verdade que fui recebido por Garrett, mas o meu olhar direccionava-se para movimentos graciosos de corpos que se maneavam de forma apetecível.
… eram seios que tentavam respirar, espreitando maliciosamente por entre decotes rasgados e extremamente provocadores.
Fico sem dúvidas do milagre que é a Primavera…

José Rios


domingo, 31 de maio de 2009



Os realmente mestres na arte, no saber positivo e doutrina, aqueles que seguem com entusiasmo e paixão o magistério em si, começam a ser espécies em vias de extinção, dando lugar a "doutores" que olham os seus diplomas com uma vaidade demasiadamente egocêntrica e descontrolada, tornando-se em meros pedagogos de algibeira.

... se houvesse sido um bom e aplicado pupilo, ainda me lembraria do verdadeiro significado da palavra pedagogia.

Que bem me teria feito, conhecer pessoalmente a palmatória, reconhecer todos os seus cinco olhos que provocavam neles o mesmo efeito de cebolas ácidas quando cortadas em pequenos pedaços!

domingo, 24 de maio de 2009


Bem sei que vos é difícil aceitar uma verdade que não existe.
Mas a realidade é que ela já faz parte da vossa vida.
Será paralogismo olhar o vosso oráculo? Será um sofisma para o qual ainda não estão preparados?
Organizai-vos para a mudança. Estais perante um ser iluminado.
Só os raios de luz imanados pela alva me tornam visível.
Chamai-me pois patrono, pois, decididamente, só eu poderei fazer a diferença.
Desvendar o teor da carta será um reencontro com a luz. E luz sou eu, sou a bondade que vos guia. Sou terra, água e ar. Sou a verdade que procuram…

Renascer


Medo de não ser compreendida
Medo de me revelar
O medo penetra a minha vida
Impedindo-me de voar

Sentimentos que invadem o meu ser
Emoções que não consigo exprimir
Apareceste….e de repente
O meu medo deixou de existir

Transcreves para o papel
O que penso, sinto e não digo
Fazes parte do meu mundo
E por isso és meu amigo
Blue Eyes

Os sonhos hão-de ser sempre o renascer da nossa paixão.
Uma fábula autêntica em que acreditas sem querer.
Um límpido olhar para lado nenhum.
Atitude singular de quem nega de novo.
Pensamento escaganifobético que deriva de algo que desconheço.
Salsifré que mais não passa de loucura controlada.
É pois meu destino igualar o supremo.
José Rios



O espelho reflecte a harmonia de formas apetecíveis,
Vitualhas de prazer que só quero partilhar contigo.
Deixa que te olhe e percorra a verdade que é o teu corpo.
Ouve os batimentos acelerados de quem deseja.
Toca os teus lábios nos meus como um beija-flor,
que sorve o néctar doce do absinto.
Sente o ardor do nosso beijo sôfrego e descontrolado,
que nos faz tecer longos mantos de coragem.
Escuta o amor que nos une,
como uma maldição que não queremos que acabe.
Partilha comigo a simplicidade de uma ode,
tocada à flauta por um Benjamim qualquer.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Baal

Olhei em redor, tentando perceber a razão de tamanha soberania.
O tapete foi estendido cuidadosamente, milimetricamente adaptado ao espaço que teriam de percorrer.
Os pajens aguardavam pacientemente a chegada dos convivas vindos de variados pontos da região. Eram pessoas abastadas, que tentavam transmitir a sua superior cultura, ostentando títulos mais ou menos válidos comprados em leilões duvidosos e pouco credíveis.
As poses altivas e gestos estudados em ateliers de boas maneiras, leccionados por “Senhoras” com um passado não muito longínquo de riqueza que se foi esvanecendo à medida da decadência do seu estado físico, fazem de analfabetos verdadeiros génios.
Os candelabros na sua imponência, alumiam os corredores que nos hão-de levar aos nossos lugares acompanhados de perto por mordomos de rostos rígidos mas servis na sua essência.
Finalmente sentados e assustadoramente retraídos nas suas faustosas cadeiras, vão apreciando as vestes dos vizinhos que ocuparam a fila da frente obstruindo a visão para o palco com os seus chapéus pouco vulgares.
Uma a uma as velas vão-se apagando, provocando sussurros pouco dignos de castas que se têm donas de um mundo por si só em falência intelectual.
Faz-se luz num cenário pouco usual para uma peça de semelhante gabarito. As personagens entram pomposamente tomando os seus respectivos lugares. O silêncio toma conta do espaço, enquanto os actores olham de relance os textos por uma última vez.
… e a história começa com falas que vamos absorvendo com maior ou menor dificuldade, tentando imaginar aquele Baal completamente embriagado, escrevendo e vivendo à sua maneira sem medo de infringir regras éticas e morais, mas capaz de impressionar o mais culto dos mortais pelo seu diálogo extraordinário e arrojado.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ali tão perto



Separados por um rio que nos separa da cidade que queremos nossa, estão duas margens simetricamente alinhadas em direcção ao mar, que se avizinha ali tão perto.
O cheiro a vinho fino, inunda o ar de aromas frutados, apurando sentidos já devassados por uma poluição malfazeja a que nos querem habituar.
É estranha a forma aleatória com que observo os humildes passantes que se vão confundindo com a própria cidade.
Os turistas que vagueiam por entre ruínas a que chamamos monumentos, passam absortos e sem rumo pré definido, bebendo toda a beleza da nossa história assinada por alguém definitivamente excepcional.
A tentação de mergulhar neste rio de águas turvas e pouco límpidas, dissipam-se com a imagem impar de um painel de azulejaria Portuguesa da mais alta qualidade.
… é fácil atravessar a ponte que nos separa, o difícil é deixa-la para trás!

José Rios