quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lágrima


Estar dependente de uma simples esferográfica, faz de mim aquilo que não quero ser.
A maioridade atinge-se onde ainda não cheguei.
Perdoem-me aqueles a quem a mensagem não chegou a tempo de evitar desilusões.
Perdoem-me ainda todos aqueles a quem não pude desiludir…!

José Rios

segunda-feira, 27 de julho de 2009

...27 de Julho


Poderia falar de pescadores anões, mas ninguém perceberia, de banhos à lareira ou mesmo de um rio, que a percepção de tamanhas incógnitas só poderia ser decifrada por alguém que já as tivesse vivido.
Os altares perdidos em remotas paragens fizeram de mim crente em teorias pouco convencionais mas alcançáveis.
Quando uma rosa se torna azul, provavelmente estamos apaixonados.
Se todos pensassemos azul, o nosso sonho seria rosa.
É invulgar sentirmos uma cor como um código de vida, mas ela está lá, para nos lembrar que existe.

José Rios

domingo, 26 de julho de 2009

Segunda vez


A espera faz de nós pessoas rendidas ao passar do tempo, peças obsoletas e gastas que deixam de fazer sentido. Amálgamas de desperdícios que reciclamos para construir algo de novo, sem esquecer tudo aquilo que queria que tivesse acontecido hoje. É tão irrisória a minha existência, que só o facto de estar vivo pela segunda vez me enfraquece o espírito e põe em causa uma vida que queremos que valha a pena!
José Rios

Dádiva





Aquele raio de sol que recebi como uma dádiva, relaxou-me tão intensamente, que o corpo permaneceu imóvel e quieto para que a mente vagueasse em lugares remotos, onde só a luz interessa.
Pelo caminho estrelas que se atropelam numa correria desenfreada e sem destino conhecido.
Regressões a passados que ainda não o foram.
Casulos de futuro onde também quero ir…


José Rios

sábado, 25 de julho de 2009

Pecar sem Pecado




Gostei especialmente das gavetas diárias que nos serviam de calendário semanal.
Da sala das orgias onde tudo era estudado ao pormenor, desde o leque que convidava os incautos, até ao sofá redondo de onde saíam formosas damas com roupa um pouco reduzida para a época.
Os pianistas tocavam vendados para que não opinassem sobre assuntos que em nada lhes diziam respeito.
Depois destas festas, um a um iam ao confessionário, para que o Bispo os absolvesse de tamanhas obscenidades. Não que o Bispo fosse santo, mas tinha um estatuto eclesiástico que lhe permitia pecar sem pecado.
À saída metiam-se em discretas cadeirinhas, corriam as cortinas e dirigiam-se a casa, depois das suas fantasias realizadas.
A criadagem balbuciava em surdina frases de repúdio e inveja de tamanha depravação.
O Rei exausto de correrias impróprias para a sua idade, deitava-se na sua real cama, não sem antes se aliviar no seu penico esmaltado…

José Rios

quinta-feira, 23 de julho de 2009



Esquecer por momentos que sejam, abre as portas a delírios apenas imagináveis quando estás perto.
A mente é algo estranho a que não nos conseguimos habituar. O nosso pensamento vai em direcção a hipotéticas situações que desejamos, sem ter a noção do quão complicadas poderão ser.
Olvidava o passado para que o futuro se tornasse no ontem...

José Rios

terça-feira, 21 de julho de 2009

Partilha

O mar em toda a sua majestosa condição, passeia ondas por entre rochedos que teimam em contrariar o seu percurso.
O areal que se avizinha, vai absorvendo a água que veio para ficar. É água cansada de viagens por oceanos diversos, que escolhe a areia fina de uma praia perfumada por odores bem distintos e agradáveis para passar o resto dos seus dias.
O sol que brilha insistentemente forma na água um enorme espelho, no qual se mira orgulhosamente.
…quando conseguimos absorver toda esta energia que nos é oferecida sem contrapartidas, então ficamos de bem com a vida e distribuímo-la por quem realmente precisa, mas não sabe como procurar.

José Rios

segunda-feira, 20 de julho de 2009

...medo...

O medo deturpa o básico da vida, ensurdece a razão e faz de nós marionetas que parecem que vão, sem saírem do lugar. São prisões que evitam a fuga de qualquer ideia menos formal, mas também são sermões aos quais não damos a menor valia enquanto não os ouvimos da boca de quem não queria-mos.
Pior que uma arma são os olhos tristes com que olhas-te o medo.



José Rios

domingo, 19 de julho de 2009

Amar só é complicado, quando a vontade tem mais força que o querer!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O mundo gira demasiadamente lento para a minha percepção, escapam-me os pormenores que só a rapidez os pode trazer à realidade.
Tento esperar o tempo, mas perco a pouca paciência para esperas que se arrastam como sombras de quem não se move.
Perco a vontade de estar parado aguardando aquilo que queria, mas não vou ter.
É inútil e vã a esperança de me tornar em alguém que vá de encontro aos ideais por alguém estruturados.
Deixai pois que me mova em direcção ao que realmente me diz respeito...

José Rios

Caminhar no cimo do mundo ultrapassa o espectável, revela um controlo de movimentos auspiciosos e muito para além de vulgares barras desportivas, a que o chão é tão perto, que a noção de espaço e comprimento passam realmente despercebidas. Introspectivas estabelecidas com o prévio conhecimento da consciência.
…encostas agrestes, montanhas tão inclinadas que o céu torna-se uma mera formalidade.
José Rios

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tributo...

Vidas encarceradas por culpa de atitudes menos pensadas, mas assumidas.
Palavras que se sonham actos, e actos de platonismo que fazem das palavras formalidades geralmente desnecessárias a tais pensamentos.
Memórias escritas em diários que se tornam livros de amor e muito mais.
Sinto com mágoa o anoitecer de mais uma noite que se repete dia após dia, as cores deixaram de fazer sentido e a falta de escrita adoece a vontade de chegar a um outro dia…
José Rios



quinta-feira, 9 de julho de 2009


A minha memória fotográfica prolonga-se para além de conhecimentos absorvíveis por alguém distraído e muito fora de um mundo conexo e com sentido.

Um rosto é sempre algo que não esqueço, são energias que carregam o nosso querer, são desígnios de quem nada esconde.


José Rios

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Flores que nascem do nada, e nada que vem de longe, onde os espinhos são tão somente o alvorecer de uma nova madrugada. Não sonhemos então com tamanha caminhada de curvas sinuosas, demasiado estreitas para tamanha procissão. Imaginemos antes a nossa verdadeira essência e voemos no alto de tudo o que é realmente a nossa vontade.
José Rios

segunda-feira, 6 de julho de 2009


Tudo o que a mim foi lido, resumiu-se a palavras vagas e
pouco concisas que deformam todos os pensamentos possíveis. Tamanhas vidas, não são mais que tormentos por quem ninguém quer passar, são caminhos escolhidos por caminhantes incógnitos convictos no caminho que ao longe se avizinha melhor, mas tristes no seu olhar.
José Rios


















O simples facto de nos ser difícil comunicar torna
o querer ainda mais apetecível, as horas e dias mais
longos e infindáveis, mas sempre desesperadamente aguardadas.
São como a água que teima em penetrar em solos à
muito sedentos d’aquilo que os faz viver.

José Rios


quinta-feira, 2 de julho de 2009

Insonorização


A visão de cubas, túneis e pipas, tornavam o espaço intimista e dado a prazeres pouco ortodoxos e cheios de malícia.
O fresco desvanecia acompanhado do aumento de calor incontrolável de alguém que queria para além do desejável. Eram actos de paixão improvisados, por anos perdidos em escaramuças que nunca o foram.
Quando a porta se fecha e a luz fica ténue e branda, a sensação de bem-estar torna-se pouco compreensível, mas muito agradável.
À medida de todo o processo de emparedamento colectivo, a vontade aumenta e o sentimento de querer muito e muito mais, atormenta o meu mundo no mais profundo da minha essência.

José Rios